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Para a Semana Começar Bem!

 

Imagem: sistemaja.blogspot.com

Não sei quantos concordam comigo, mas, para mim, Domingo é o dia mais “Família” da semana. Domingo é aquele dia com cara de almoço na casa da avó, de família reunida e priminhos brincando no jardim. Domingo é o dia de um cochilo mais longo depois do almoço, de conversas animadas com o vovô e de pizza no início da noite. Então, para começar bem a semana e deixar o ontem com gostinho de quero mais, separamos um texto BEM família, escrito por Danuza Leão. Vale a pena ler, entregar-se, viajar no cenário criado por essa escritora genial! FELIZ Segunda – feira, FELIZ semana para todos! 😉

UM AVÔ – A Doce Arte de Cuidar do Outro, Praticada Como Antigamente

“Paris. Eu já estava no meio do jantar quando eles chegaram e se acomodaram na mesa ao lado. Ela, uma senhora vaidosa, com os cabelos pintados, brincos, anéis, essas coisas que nós, mulheres, gostamos de usar. Ele, um senhor já bem senhor, daqueles que só se vêem na França. Um senhor daqueles de antigamente. Magro, os cabelos brancos cortados curtos, olhos azuis e bochechas rosadas. Como era inverno, ele, muito elegante, usava um suéter, um paletó de tweed, um cachecol e um gorrinho de lã, que tirou assim que se sentou à mesa. Dava para perceber que devia cheirar à lavanda. A pele era fina, quase sem rugas. O casal não tinha a rapidez da juventude: o andar era lento, os gestos vagarosos e as palavras calmas.

Ele ajudou-a a tirar a echarpe, o casaco, esperou que ela sentasse (na banqueta ao meu lado) e, só então, sentou. Levaram um bom tempo para escolher o que iam comer. Era comovente ver como ele procurava saber do que ela gostaria, dando sugestões; delicado, sempre muito atento a tudo que ela dizia, sem nenhuma impaciência ou pressa, características típicas dos muito jovens. E falavam baixinho. A garrafa de vinho chegou, ele provou, disse ao garçom que estava aprovada e serviu sua dama em primeiro lugar. Pediram uma grande bandeja de frutos do mar e, a cada um que comiam, faziam um comentário – como a maioria dos franceses, eles conheciam o assunto. Deixaram para o final um siri imensos e, calmamente, manejando aquelas pinças especiais, tiraram até o último pedacinho de carne, sempre comentando sobre o que estavam comendo. Deram total importância ao jantar. Comeram sobremesa, ela tomou um chá, ele um café. Depois da conta paga, sem pressa, ele levantou, puxou a banqueta da sua companheira para que ela pudesse sair também, ajudou-a a colocar a echarpe e o casaco, vestiu o seu, colocou o gorrinho na cabeça e saíram, ela na frente, ele atrás. Imagino que já tivessem passado dos oitenta, mas ainda tinham o prazer da boa mesa, da boa companhia. Seriam casados? Imagino que sim. Velhos casais na França sempre têm assunto e costumam sair sozinhos para jantar fora, aos domingos, geralmente.

Fiquei pensando em como gostaria de ter tido um avô como ele. Um avô que me levasse a um restaurante quando eu era criança e me fizesse conhecer os mistérios das ostras. Um avô que me ensinasse, pelo exemplo, a ser gentil, atenta aos outros, que puxasse a cadeira para mim, que me desse muita atenção, aquela que só se dá às pessoas de quem se gosta muito. Que me sugerisse, delicadamente e com ternura, provar certa sobremesa; que me perguntasse, antes de pedir a conta, se eu estava contente; e que, quando saíssemos, de mãos dadas, parasse para me comprar um saquinho de chocolate, assim, sem motivo especial, só porque isso é coisa de avô.

Só que aos três anos eu já não tinha mais nenhum avô. Por isso, nunca me ocorreu que eles faziam falta. Nessa noite, pela primeira vez, pensei em como teria sido bom ter um avô que gostasse muito de mim”.

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